A MORTE por Eliphas Levi (falecido) - Parte II - SATÃ

 

Cartas dos Mahatmas para A.P.Sinnett, vol. 22, pp. 372/380, Ed. Teosófica

Apêndice I de LBS [1] Outubro de 1881

A MORTE por Eliphas Levi (falecido) - PARTE II - SATÃ

Nota da 1a. edição [1]:  Artigo publicado em The Theosophist em outubro de 1881. A página tem comentários marginais com a letra de K. H., impressos aqui em negrito na coluna paralela ao texto do artigo. e aos quais se referem os números entre parênteses. As passagens sublinhadas foram assinaladas assim por K. H. 

O SATÃ é apenas um TIPO [13], e não um personagem real.
Nota do ed. bras.[13]: Tipo: hoje diríamos um arquétipo. 

II. Ele é o tipo oposto ao tipo Divino, o necessário fracasso dele em nossa imaginação.
Se Satã fosse uma personagem real, haveria dois Deuses, e o credo dos maniqueístas seria verdadeiro.
Satã é uma concepção imaginária do absoluto no mal; uma concepção necessária para a completa afirmação da liberdade da vontade humana, que, com ajuda deste absoluto imaginário, parece capaz de contrabalançar até mesmo todo o poder de Deus. É o mais audaz, e talvez o mais sublime dos sonhos do orgulho humano.

"Vocês serão como Deuses ao saber do bem e do mal", diz a serpente alegórica da Bíblia. Realmente, fazer do mal uma ciência é criar um Deus do mal, e se algum espírito puder resistir eternamente a Deus, já não há mais um, mas dois Deuses. Para resistir ao Infinito, é necessária uma força infinita, e duas forças infinitas opostas uma à outra! [14] devem neutralizar-se mutuamente. Se a resistência da parte de Satã é possível, o poder de Deus não existe mais, Deus e o Demônio destroem-se mutuamente, e o homem permanece sozinho; ele fica sozinho com os fantasmas dos seus Deuses, a esfinge híbrida, o touro de asas, que equilibra em sua mão humana uma espada cujos relâmpagos oscilantes levam a imaginação humana de um erro para outro, e do despotismo da luz para o despotismo da escuridão.
É a sombra revoltosa que torna visível para nós a luz infinita do Divino.

Nota do Ed. do Theosophist [14]: E se o mal é infinito e eterno, porque é contemporâneo da matéria, a consequência lógica seria que não há nem Deus nem Demônio - como Entidades pessoais, apenas Um Princípio ou Lei, Não-Criado, Infinito, Imutável e Absoluto: MAL ou DEMÔNIO - quanto mais profundamente ele cai na matéria; o BEM ou DEUS, assim que ele é purificado desta última e se torna novamente puro e imaculado Espírito, ou o ABSOLUTO em sua Subjetividade eterna, imutável. (27) 

Comentário de K.H.:
(27) É verdade.

A história da miséria do mundo é apenas o romance da guerra dos Deuses, uma guerra ainda não terminada, enquanto o mundo cristão ainda adora um Deus no Demônio, e um Demônio em Deus. 
O antagonismo de poderes é anarquia no Dogma. 
N. I. Assim, à igreja que afirma que o Demônio existe, o mundo responde com uma lógica assustadora: então Deus não existe; e é inútil tentar escapar deste argumento inventando a supremacia de um Deus que permite a um Demônio produzir a condenação dos homens; tal permissão seria uma monstruosidade, e seria equivalente a uma cumplicidade, e o deus que pode ser cúmplice do demônio não pode ser Deus.
O Demônio dos. Dogmas é uma personificação do Ateísmo. O Demônio da Filosofia é o ideal exagerado do livre-arbítrio humano. O Demônio real ou físico é o magnetismo do mal.
Evocar o Demônio é apenas compreender por um instante esta personalidade imaginária. Isto envolve o exagero, além dos limites, na própria pessoa, da perversidade e da loucura, através dos atos mais criminosos e destituídos de sentido.
O resultado desta operação é a morte da alma através da loucura, e, frequentemente, também a morte do corpo, como se fosse atingido por um raio, em uma congestão cerebral.
O Demônio sempre perturba, mas nunca dá nada em retribuição. São João o chama de "a Besta" (la Bête) porque sua essência é a loucura humana (la Bêtise humaine).





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